Cantiga com provérbio:
Amor com amor se paga
  (linha 23)

Rui Queimado


Querri'agora saber de grado
d'um home que sei mui posfaçador,
 [pois] de posfaçar há tam gram sabor,
se sab'ora el com'é posfaçado;
 5e pero sabe-o, a meu coidar
 - e por encoita de posfaçar
 ca nom [vai] posfaçar endoado.
  
E poilo sabe, faz aguisado
de posfaçar, ca nunca vi peior:
 10ca, x['i] o deostam, el o melhor
faz, pois que já tal é seu pecado;
ca o deostam, que eu nunca vi
home no mundo, des quando naci,
  en posfaçar e tam mal deostado.
  
 15Nom vos é el daquest'enartado,
 ante tenh'eu que é bem sabedor
de posfaçar d'amig'e de senhor
e nom guardar nẽum home nado,
em posfaçar; e tenho-lhi por sem
20de nom dizer de nẽum home bem,
ca dest'é el de todos bem guardado.
  
E diga, pois que disser, muito mal;
 qual cho fezer, ó compadr', outro tal
lhi faz: por ende serás vingado.



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Cantiga contra um maldizente (um posfaçador), que insiste na má-língua, mesmo percebendo que lhe pagam na mesma moeda. O final da cantiga é um divertido incitamento a que os visados lhe paguem na mesma moeda.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras uníssonas (rima c singular)
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1387, V 996

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1387

Cancioneiro da Vaticana - V 996


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas