Rui Queimado


O Demo m'houvera hoj'a levar
a ũa porta d'um cavaleiro,
por saber novas; e o porteiro
foi-lhi dizer que querria jantar;
5e el tornou[-se] logo sa via
com dous cães grandes que tragia
que na porta m'houveram de matar.
  
E começava-os el d'arriçar,
de trá'la porta d'um seu celeiro,
10um mui gram cam negr'e outro veiro;
e começavam-s'a mi de touçar
em cima da besta em que ia;
e jurand'eu: - Par Santa Maria,
por novas vos quisera preguntar.
  
15Três cães eram grandes no logar,
mais nom saiu o gram fareleiro;
mais os dous, que sairom primeiro,
nom lhis cuidei per rem a escapar;
pero jurava que nom queria
20ali decer, tanto me valia
como se dissess': - Alá quer'entrar!
  
E dix'eu logo, pois m'en partia:
- Sei-m'eu que assi convidaria
o coteife peideir'em seu logar.



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Na sátira a este infanção entram em cena três cães, dois deles atiçados pelo seu dono contra o pobre trovador que, segundo nos diz, teria parado à sua porta apenas para saber notícias. É um tema semelhante ao que encontramos numa cantiga de Gonçalo Eanes do Vinhal.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Cobras uníssonas
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1385, V 994
(C 1385)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1385

Cancioneiro da Vaticana - V 994


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas