Lopo Lias


Desto som os zevrões
de ventura minguada:
ergem-se nos arções
da sela canterlada
5e dam dos nadigões;
e diss'a bem talhada:
       - Maa sela tragedes,
       por que a nom odedes?
       Maa sela levades,
10       por que a nom atades?
  
Desto som os zevrões
de ventura falida:
ergem-se nos arções
da sela come podrida,
15e dam dos nadigões;
e disse-lh'a velida:
       - Maa sela tragedes,
       por que a nom odedes?
       Maa sela levades,
20       por que a nom atades?
  
Direi-vos que lh'eu ouço:
em dia de sa voda,
ao lançar do touço,
da sela rengelhosa,
25feriu de cu a bouço;
e disse-lh'a fermosa:
       - Maa sela tragedes,
       por que a nom odedes?
       Maa sela levades,
30       por que a nom atades?



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Nota geral:

Mais uma composição do ciclo que D. Lopo Lias dedica aos infanções de Lemos.
Para a contextualização e possível datação deste ciclo, veja-se a Nota Geral à primeira das suas cantigas.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1343, V 950

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1343

Cancioneiro da Vaticana - V 950


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas