Lopo Lias


Em este som de negrada
farei um cantar
d'ũa sela canterlada,
liada mui mal;
 5esté a sela pagada,
e direi do brial:
       - Todos: "Colhom, colhom, colhom
       com aquel brial de Sevilha
       que aduss'o infançom
10       aqui, por maravilha".
  
En'este som de negrada
um cantar farei
d'ũa sela canterlada
que vi ant'el-rei;
15esté a sela pagada,
e do brial direi:
       - Todos:"Colhom, colhom, colhom
       com aquel brial de Sevilha
       que aduss'o infançom
20       aqui, por maravilha".
  
Logo fui maravilhado
polo ascari,
e assi fui espantado
polo soceri;
 25vi end'o brial talhado
e dixi-lh'eu assi:
       - Todos: "Colhom, colhom, colhom
       com aquel brial de Sevilha
       que aduss'o infançom
30       aqui, por maravilha".



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Nota geral:

Mais uma composição do ciclo que D. Lopo Lias dedica aos infanções de Lemos.
Para a contextualização e possível datação deste ciclo, veja-se a Nota Geral à primeira das suas cantigas. Note-se que este coro de trovadores que aqui se riem do manto de seda é anunciado nas duas cantigas imediatamente anteriores.
O "som de negrada", aludido logo de início, refere a reutilização nesta cantiga de uma melodia de origem ou associação árabe/berbere ou islâmica/moçárabe. Trata-se, portanto, de uma cantiga de seguir. De resto, a forma desta cantiga foi interpretada por Manuel Pedro Ferreira como sendo similar à do zajal árabo-andaluz.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Cantiga de seguir
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1342, V 949

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1342

Cancioneiro da Vaticana - V 949


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas