João Fernandes de Ardeleiro


A mi dizem quantos amigos hei
 por que vivo tam muit'em Portugal,
ca muit'há já que nom fig'i mia prol.
Digo-lhis eu como vos en direi:
5Meus amigos, nom mi o digades sol,
ca mia prol é de viver eu u vir,
vel ũa vez, a que vi por meu mal,
  
ca est'est hoje quanto bem eu hei;
nem me digades, amigos, i al,
10ca, enquant'eu poder veer os seus
 olhos, meu dano já nunca farei,
mais mia gram prol. Vedes por quê, por Deus:
ca me querrá matar, se m'en partir,
esta gram coita que me nunca fal.



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Nota geral:

Cantiga de amor onde, ao contrário do que é habitual neste género, o trovador faz referência a factos biográficos concretos, no caso, a sua pouca sorte em Portugal. Embora a referência seja vaga, é plausível que ele aluda aqui à mesma situação que aborda, de forma mais detalhada e crítica, na sua anterior cantiga satírica. Seja como for, nesta cantiga de amor, e respondendo aos amigos que se admiram de ele permanecer ainda no reino, ele garante que a razão por que fica é amorosa: tem de viver perto da sua senhora, o único bem que lhe resta. Por muito que a vida lhe corra mal em Portugal, partir é que seria o seu verdadeiro dano, já que decerto morreria.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas (rima c singular)
Palavra(s)-rima: (v. 1 de cada estrofe)
hei
Palavra perduda: v. 6 de cada estrofe
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1328, V 934

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1328

Cancioneiro da Vaticana - V 934


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas