Estêvão da Guarda


Se vós, Dom Foão, dizedes
que devêrades de casar
com molher de maior logar
que essa que vós teedes,
5dizedes i como vos praz:
 ca pera vós, per bõa fé,
é ela, que tam bõa é,
       filha d'algo, e bem assaz.
  
Como quer que vós tenhades
10que, com bem fazer de senhor,
devêrades casar melhor,
senhor, nunca o digades;
 ca, se filhárades em cós
mulher pera vós, tam igual
15pera ela, que tanto val,
       filha d'algo é pera vós.
  
Pois sodes tam bem casado,
nom devedes i al dizer,
mais a Deus muito gradecer
20casamento tam honrado;
ca, pera vós, pois que vos dam
 gram preço d'home de bom sem,
é ela, u há tod'o bem,
       filha d'algo, e bem de pram.



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Nota geral:

Sátira a um D. Fulano anónimo, descontente com o casamento que tinha feito, uma vez que pensava merecer mulher de maior categoria. Estêvão da Guarda insinua que não só ela é, de facto, melhor do que ele, mas que é ela quem tem o dinheiro. Tratar-se-á do mesmo cavaleiro que vemos, numa cantiga de D. Dinis, a queixar-se da mesma coisa?



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1321, V 926

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1321

Cancioneiro da Vaticana - V 926


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas