Estêvão da Guarda

Rubrica:

Esta cantiga foi feita a um escudeiro que havia nome Martim Gil e era home mui feo.


Martim Gil, um homem vil
se quer de vós querelar:
que o mandastes atar
cruamente a um esteo,
5dando-lh'açoutes bem mil;
e aquesto, Martim Gil,
parece a todos mui feo.
  
Nõn'o posso end'eu partir,
pero que o já roguei,
10que se nom queix'end'a 'l-rei:
ca se sente tam maltreito
que nom cuida en guarir;
e, Martim Gil, quen'o vir,
parece mui lai, de feito.
  
15Tam cruamente e tam mal
diz que foi ferido entom
que teedes i cajom,
[se] s'el desto nom guarece;
é aquesto feito tal,
20Martim Gil, tam desigual,
ca já mui peior parece.



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Nota geral:

A rubrica que acompanha este composição explica o seu equívoco central: um homem feio/ um comportamento feio. Ao leitor, a tarefa de fazer as pausas adequadas aos dois sentidos. Como sempre neste tipo de cantigas, a pontuação proposta acautela a leitura "inocente".



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1316, V 921

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1316

Cancioneiro da Vaticana - V 921


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas