Estêvão da Guarda

Rubrica:

Esta cantiga foi feita a um juiz que nom ouvia bem


Meu dano fiz por tal juiz pedir
qual mi a reínha, madre del-rei, deu
- um cavaleiro oficial seu -
pois me nom val d'ante tal juiz ir;
  5ca se vou i e lev'o meu vogado,
sempre me diz que está embargado,
 de tal guisa que me nom pod'oir.
  
Por tal juiz nunca jamais será
desembargad'este preito que hei,
10nem a reínha nem seu filh'el-rei,
pero lhe mandem, nunca m'oirá;
ca já me disse que me nom compria
d'ir per d'ant'el, pois m'oir nom podia,
mentr'embargad'estever com'está.
  
15Mais a reínha, pois que certa for
de qual juiz ena sa casa tem,
terrá por razom - esto sei eu bem -
de põer i outro juiz melhor;
e assi poss'eu haver meu dereito,
20pois que d'i for este juiz tolheito
e me derem qualquer outr'oídor.



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Nota geral:

Ainda dentro da esfera judicial, uma cantiga que troça de um juiz surdo, jogando com o equívoco que a situação permite: o de não poder/ não querer ouvir as queixas. A menção à rainha-mãe deverá dizer respeito a D. Isabel de Aragão, mãe de Afonso IV, pelo que a cantiga deve ter sido composta entre 1325 (ano da subida ao trono deste monarca) e 1336 (ano da morte da rainha).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1305, V 910

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1305

Cancioneiro da Vaticana - V 910


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas