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Martim Soares


Já, mia senhor, nem um prazer      ←
nom mi fará mui gram prazer      ←
sem vosso bem;       ←
ca outro bem      ←
5nom mi fará coita perder      ←
mentr'eu viver;      ←
e quem viver       ←
 haver-mi-á pois est'a creer.      ←
  
E que mal conselho filhei      ←
10aquel dia em que filhei      ←
vós por senhor!       ←
Ca, mia senhor,       ←
sempr'eu mia morte desejei;      ←
meu mal cuidei       ←
15porque cuidei      ←
d'amar-vos; já mais que farei?      ←
  
Que farei eu com tanto mal,      ←
- pois vosso bem tod'é meu mal?      ←
Pois est assi,       ←
20morrer assi,      ←
com'hom'a que, senhor, nom val      ←
a coita tal,      ←
que nunca tal       ←
 houv'outr'home, d'amor nem d'al.      ←
  
25Como que me faz desejar      ←
Deus vosso bem, por desejar      ←
a mia mort'eu;      ←
pero sei eu,      ←
pois que me Deus nom quer quitar       ←
30d'em vós cuidar,      ←
 ca, a meu cuidar,       ←
nom m'haverá mort'a filhar.      ←



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Nota geral:

Composição artisticamente muito elaborada, construída com base no dobre (presente em 6 dos 8 versos de cada estrofe). Tematicamente, o trovador não se afasta dos tópicos habitais do género: nenhum prazer pode ter sem a sua senhora que, insensatamente, foi amar; a única saída para o seu sofrimento será a morte; mas dado que pensa continuamente nela, a morte não o apanhará.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares
Dobre: ( vv. 1 e 2 de cada estrofe)
prazer (I), filhei (II), mal (III), desejar (IV);
(vv. 3 e 4) bem (I), senhor (II), assi (III), eu (IV);
(vv. 6 e 7) viver (I), cuidei (II), tal (I
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 45, B 157

Cancioneiro da Ajuda - A 45

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 157


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas