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Martim Soares


Nunca bom grad'Amor haja de mi      ←
nem d'al, porque me mais leixa viver;      ←
e direi-vos porque o dig'assi      ←
e a gram coita que mi o faz dizer:      ←
5hei gram pavor de me fazer levar      ←
coit'alongadament'e m'ar matar,      ←
por me fazer peor morte prender.      ←
  
 Por en me leixa viver des aqui      ←
Amor; e ben'o pod'hom'entender;      ←
10ca muit'há que lh'eu morte mereci,      ←
se dev'homem per amar a morrer.      ←
Mais nom me mata nem me quer guarir!       ←
Pero nom m'hei del, pois viv', a partir,      ←
nom me quer [el] matar a meu prazer.      ←
  
15E d'Amor nunca um prazer prendi,      ←
por mil pesares que m'el faz sofrer;      ←
e a senhor que eu por meu mal vi      ←
nom me quer el contra ela valer,      ←
nem dar-m'esforço, que m'era mester.      ←
20Pois m'esto faz e matar nom me quer,      ←
por que lh'hei eu tal vid'agradecer?      ←
  
Ca des que m'eu em seu poder meti      ←
nom desejei bem que podess'haver;      ←
 sequer mia morte desejei des i,      ←
25que ant'eu muito soía temer.      ←
E Amor nom me mata nem mi val,      ←
mais matar-m'-ia, se fosse meu mal,      ←
ou eu cuidass'em mia mort'a perder.      ←



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Nota geral:

O trovador queixa-se de que o Amor não o mata, mas prefere deixá-lo viver para assim o ir matando de forma mais cruel.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas (rima c singular)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 44, B 156

Cancioneiro da Ajuda - A 44

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 156


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas