João de Cangas


 Fui eu, madr', a Sam Momed', u me cuidei
que veess'o meu amig', e nom foi i;
por mui fremosa, que triste m'en parti!
e dix'eu como vos agora direi:
5       - Pois i nom vem, sei ũa rem:
       por mi se perdeu, que nunca lhi fiz bem.
  
Quand'eu a Sam Momede fui e nom vi
meu amigo, com que quisera falar
a mui gram sabor, nas ribeiras do mar,
10sospirei no coraçom e dix'assi:
       - Pois i nom vem, sei ũa rem:
       por mi se perdeu, que nunca lhi fiz bem.
  
Depois que fiz na ermida oraçom
e nom vi o que mi queria gram bem,
 15com gram pesar filhou-xi-me gram tristem
e dix'eu log[o]assi esta razom:
       - Pois i nom vem, sei ũa rem:
       por mi se perdeu, que nunca lhi fiz bem.



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Nota geral:

A donzela conta à sua mãe que sempre foi à ermida de S. Mamede, mas afinal o seu amigo não apareceu. Na sua tristeza, ela imagina que algo de grave lhe terá acontecido por ela nunca lhe ter concedido os seus favores.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1268, V 874

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1268

Cancioneiro da Vaticana - V 874


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas