João de Cangas


 Em Sam Momed', u sabedes
que viste'lo meu amigo
(hoj'houvera seer migo!),
mia madre, fé que devedes,
5       leixedes-mi-o ir veer.
  
O que vistes esse dia
andar por mi mui coitado
chegou-m'ora seu mandado;
madre, por Santa Maria,
10       leixedes-mi-o ir veer.
  
Pois el foi d'atal ventura
que sofreu tam muito mal
por mi e rem nom lhi val,
mia madre, e por mesura
15       leixedes-mi-o ir veer,
  
Eu serei por el coitada
pois el é por mi coitado;
se de Deus hajades grado,
madre bem aventurada,
20       leixedes-mi-o ir veer.



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Nota geral:

Primeira das três únicas cantigas de João de Cangas que nos chegaram, todas tendo como cenário a ermida de S. Mamede (na ria de Vigo). Nesta primeira, a donzela procura convencer a mãe a deixá-la ir ter com o seu amigo à ermida, tal como ele lhe pediu, segundo diz. Tentando ser comedida e falar "ao coração" da mãe, ela recorda-lhe como ela própria, um pouco antes, o tinha visto triste, uma tristeza que é comum a ambos.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1267, V 873
(C 1267)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1267

Cancioneiro da Vaticana - V 873


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas