Lourenço


Amiga, quero-m'ora cousecer
 se ando mais leda por ũa rem:
porque dizem que meu amigo vem;
mais a quem me vir querrei parecer
5       triste, quando souber que el verrá,
       mais meu coraçom mui ledo seerá.
  
Querrei andar triste por lhi mostrar
 ca mi nom praz, assi Deus mi perdom,
 pero al mi tenho eu no coraçom;
10mas a quem me vir querrei semelhar
       triste, quando souber que el verrá,
       mais meu coraçom mui ledo seerá.
  
Pero, amiga, sempre receei
d'andar triste quando gram prazer vir,
15mais hei-o de fazer por m'encobrir;
e, a força de mi, parecerei
       triste, quando souber que el verrá,
       mais meu coraçom mui ledo seerá.



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Nota geral:

Dirigindo-se a uma amiga, a donzela diz-lhe que, uma vez que lhe dizem que o seu amigo está de regresso, vai fazer um esforço para parecer triste, de forma a ninguém perceber como ela, de facto, está alegre. E também para ele pensar que ela não gosta dele, embora no seu coração sinta exatamente o contrário. Se sempre receou não ser capaz de se mostrar triste face a um grande prazer, forçando-se a si própria, vai conseguir.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1265bis, V 871

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1265bis

Cancioneiro da Vaticana - V 871


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas