Galisteu Fernandes


- Por Deus, amiga, que pode seer
de voss'amigo que morre d'amor
e de morrer há já mui gram sabor,
pois que nom pode vosso bem haver?
5- Non'o haverá enquant'eu viver,
       ca já lhi diss'eu que se partiss'en
       e, se há coita, que a sofra bem.
  
- Tenh'eu, amiga, que prol nom vos há
do voss'amigo já morrer assi,
10ante tenho que o perdedes i
se per ventura vosso bem nom há.
- Par Deus, amiga, non'o haverá,
       ca já lhi diss'eu que se partiss'en
       e, se há coita, que a sofra bem.
  
15- Bem sodes desmesurada molher
se voss'amor nom pod'haver, de pram,
e bem sei que por mal vo-lo terrám,
amiga, se vosso bem nom houver.
- Nunca o haverá, se Deus quiser,
20       ca já lhi diss'eu que se partiss'en
       e, se há coita, que a sofra bem.
  
- Par Deus, amiga, mui guisado tem
de sofrer coita [e] quer morrer por en.
  
- Se morrer, moira, ca nom dou eu rem
25d'assi morrer, ante mi praz muit'en.
  
- Por ess', amiga, venha mal a quem
vos amar, pois tal preito per vós vem.



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Nota geral:

Diálogo entre uma amiga e a moça, no qual a primeira intercede pelo amigo desta no sentido de ela ser mais condescendente face ao seu sofrimento, Mantendo-se firme, a moça garante que, tendo-lhe dito para se ir embora, continuará a recusar-lhe os seus favores. Considerando que ela está a ser rigorosa demais, a amiga diz-lhe ainda que, se ele morrer, ela ficará até mal vista. Mas é coisa que não incomoda a moça: se ele quer morrer, que morra, isso só lhe dará prazer. A amiga conclui então que, se é essa a sua atitude, desgraçado será todo aquele que a amar.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda (3)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1258, V 863

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1258

Cancioneiro da Vaticana - V 863


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas