Martim Soares


Qual senhor devia filhar
quen'a bem soubess'escolher,
essa faz a mim Deus amar
e essa me tem em poder
5e essa est a mia senhor
e essa mi faz o maior
bem deste mundo desejar:
  
o seu bem, que nom há i par;
tam muito a faz Deus valer,
10por bom prez e por bom falar,
per bom sem e per parecer.
E d'atal dona o seu bem
nom sei hoj'eu no mundo quem
o podesse saber osmar,
  
15nen'a mia coit', a meu cuidar,
em que m'hoj'eu vejo viver;
ca m'hei de tal don'a guardar,
de qual mi ora oístes dizer:
de a veer; ca, se a vir,
20fará-m'ela de si partir
mui trist'e muit'a meu pesar.
  
Por en nom devia quitar
os seus olhos de a veer
a quem Deus quisesse guisar
25de lho querer ela sofrer;
por que os quitaria d'i?
Por tal coit'haver come mi?
Ante se devia matar!



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Nota geral:

A senhora que seria a escolhida por quem procurasse a melhor é a amada do trovador. Descrevendo as suas imensas qualidades na 2ª estrofe, confessa, na 3ª, que o principal motivo para a sua imensa dor é o facto de evitar ir vê-la - porque, se for, ela obrigá-lo-á a partir, triste e contrariado. Na última estrofe, ele garante que, se acaso ela o permitisse, nenhum apaixonado deveria tirar os olhos dela, ou passaria a sofrer tanto como ele sofre.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas (rima c singular)
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Fontes manuscritas

A 41, B 153

Cancioneiro da Ajuda - A 41

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 153


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas