João Baveca


- Como cuidades, amiga, fazer
das grandes juras que vos vi jurar
de nunca voss'amigo perdoar?
 Ca vos direi de qual guisa o vi:
5que, sem vosso bem, creede per mi,
que lhi nom pode rem morte tolher.
  
- Tod'ess', amiga, bem pode seer,
mais punharei eu já de me vingar
do que m'el fez, e, se vos en pesar,
10que nom façades ao voss'assi;
ca bem vistes quanto lhi defendi
que se nom foss', e nom me quis creer.
  
- Par Deus, amiga, vinga tam sem sem
nunca vós faredes, se Deus quiser,
15a meu poder, nem vos era mester
de a fazer, ca vedes quant'i há:
se voss'amigo morrer, morrerá
por bem que fez e nom por outra rem.
  
- Amiga, nom poss'eu teer por bem
20o que m'el faz, e a que mo tever
por bem, tal haja daquel que bem quer;
mas, sem morte, nunca lhi mal verrá,
per bõa fé, que mi nom prazerá;
pero del morrer nom mi praz'á en.



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Nota geral:

Na sequência das duas cantigas anteriores, onde vemos o amigo da donzela partir contra a sua vontade e logo regressar, mas sem que ela lhe consiga perdoar (por ter jurado não o fazer), intervém agora uma amiga, que discute a situação com a donzela, e tenta interceder pelo seu amigo. Como tem ela a coragem de o deixar morrer? Não é insensato insistir nas suas juras de vingança? A donzela, continuando a pensar que o que ele fez foi muito mal feito, e que também a amiga não gostaria que lhe fizessem o mesmo, abranda um pouco a sua ira e conclui que também ela não deseja que ele morra, mas só isso.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Mestria, dialogada
Cobras doblas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1230, V 835

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1230

Cancioneiro da Vaticana - V 835


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas