João Baveca


Amiga, dizem que meu amig'há
por mi tal coita que nom há poder
per nulha guisa d'um dia viver
se per mi nom; e vedes quant'i há:
5       se por mi morre, fic'end'eu mui mal,
       e se lh'ar faç'algum bem, outro tal.
  
E tam coitad'é, com'aprendi eu,
 que o nom pode guarir nulha rem
de morte já, se lh'eu nom faço bem;
10mais vedes ora com'estou end'eu:
       se por mi morre, fic'end'eu mui mal,
       e se lh'ar faç'algum bem, outro tal.
  
Dizem que é por mi coitad'assi
que quantas cousas eno mundo som
15nom lhi podem dar vida, se eu nom;
 e este preito cae-m'ora assi:
       se por mi morre, fic'end'eu mui mal,
       e se lh'ar faç'algum bem, outro tal.
  
E, amiga, por Deus, conselho tal
20mi dade vós que nom fique end'eu mal.



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Nota geral:

Dirigindo-se a uma amiga, a donzela dá-lhe conta do seu dilema: se o seu amigo, que não pode viver sem ela, acabar por morrer, ela ficará mal vista; mas também ficará mal vista se, para o evitar, lhe conceder os seus favores. Na finda, ela pede, pois, à amiga para a aconselhar sobre a melhor maneira de resolver este dilema.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Dobre: (vv. 1 e 4 de cada estrofe)
(I), eu (II), assi (III)
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1222, V 827

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1222

Cancioneiro da Vaticana - V 827


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas