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  (linha 9)

Pedro Amigo de Sevilha


Sei eu, donas, que nom quer tam gram bem      ←
hom'outra dona com'a mi o meu      ←
amigo quer; ca, porque lhi dix'eu      ←
"Nom me veredes já mais des aqui",      ←
5desmaiou logo bem ali por en,      ←
e houve log'i a morrer por mim.      ←
  
Porque lhi dixi que nunca veer-      ←
-me poderia, quis por en morrer;      ←
 e fui alá e achei-o jazer      ←
10sem fala já, e houv'en gram pesar      ←
e falei-lh'[e] houve-mi a conhocer      ←
e diss': " ũa dona falar?"      ←
  
Dix'eu: "Oístes", já polo guarir,      ←
 e guareceu; maila que vos disser      ←
15que ama tant[o] hom'outra molher      ←
mentir-vos-á, ca já x'o el provou      ←
com quantas viu e achou: as partir      ←
todas d'amor, e assi as leixou.      ←
  
E bem vos poss'eu em salvo jurar      ←
20que outr'home vivo nom sab'amar      ←
 dereitamente; ca, por me provar,      ←
veerom outros em mim entender      ←
se poderiam de mim guaanhar,      ←
 mais nom poderom de mim rem haver.      ←
  
25Mais aquel que [mi] tam de coraçom      ←
quer bem, par Deus, mal seria se nom      ←
o guarisse, pois por mi quis morrer.      ←



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Nota geral:

Dirigindo-se a um grupo de donas, a moça garante que nunca nenhum homem amou tanto uma mulher como o seu amigo a ama. E conta então uma (viva e divertida) cena: tendo dito ao seu amigo que não a poderia ver mais, ele desmaiou logo ali e ficou para morrer. Tendo ido depois vê-lo, encontrou-o deitado e quase sem fala. Ouvindo-a, reconheceu-a, mas disse então "Será que ouvi uma dona falar?" (ou seja, fingiu que estava tão mal que quase nem a reconhecia). Tendo ela confirmado quem era, ele logo recuperou.
Esta é, pois, a prova de que nunca um homem amou uma mulher como ele, e quem disser o contrário mentirá. De resto, ele recusou o amor de todas as outras, deixando-as. E como acredita que só ele sabe amar com sinceridade, ela acrescenta que também já muitos outros vieram tentar a sua sorte com ela, mas nada conseguiram. Em relação ao seu amigo, no entanto, mal faria se não o socorresse, como fez.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Mestria
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1217, V 822

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1217

Cancioneiro da Vaticana - V 822


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas