Pedro Amigo de Sevilha


Um cantar novo d'amigo
querrei agora aprender,
que fez ora meu amigo,
e cuido log'entender,
5       no cantar que diz que fez
       por mi, se o por mi fez.
  
Um cantar d'amig'há feito,
e, se mi o disser alguém
dereito como el é feito,
10cuid'eu entender mui bem,
       no cantar que diz que fez
       por mi, se o por mi fez.
  
O cantar éste mui dito,
pero que o eu nom sei,
15mais, pois mi o houverem dito,
cuid'eu que entend[er]ei,
       no cantar que diz que fez
       por mi, se o por mi fez.



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Nota geral:

A moça dispõe-se a aprender uma nova cantiga de amigo que o seu amigo/ trovador fez, e está certa que logo perceberá, se lha cantarem bem (sem erros), se foi feita para ela, como ele lhe garante. Embora a cantiga já tenha sucesso, sendo muito cantada, o facto é que ainda não a conhece, mas irá ouvi-la e decidirá.
A composição, não só é um original (auto-)elogio que Pedro Amigo, por interposta voz feminina, faz aos seus próprios dotes de trovador, como nos fornece algumas informações interessantes sobre a prática da arte de trovar, como sejam: que a difusão das cantigas poderia estar sujeita a erros (dos jograis que as cantavam, por exemplo) ou que a sua transmissão seria predominantemente oral (a moça diz que vai ouvir o cantar para o aprender). De resto, esta é das raríssimas ocorrências da expressão "cantar d´amigo" que encontramos nas composições conservadas pelos Cancioneiros.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Dobre: (vv. 1 e 3 de cada estrofe)
amigo (I), feito (II), dito (III)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1214, V 819

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1214

Cancioneiro da Vaticana - V 819


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas