Pero Meogo


- Tal vai o meu amigo, com amor que lh'eu dei,
come cervo ferido de monteiro del-rei.
  
Tal vai o meu amigo, madre, com meu amor,
come cervo ferido de monteiro maior.
  
5E se el vai ferido, irá morrer al mar;
'si fará meu amigo, se eu del nom pensar.
  
[E se el vai ferido, al mar irá morrer;
'si fará meu amigo, se eu nom lhe valer.]
  
- E guardade-vos, filha, ca já m'eu atal vi
10que se fez[o] coitado por gaanhar de mim.
  
E guardade-vos, filha, ca já m'eu vi atal
que se fez[o] coitado por de mim guaanhar.



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Nota geral:

A moça diz à mãe que o seu amigo vai ferido de amor e morrerá, se ela dele não tratar. Mas a mãe diz-lhe para ela se precaver, pois já conheceu alguém que se fingiu muito infeliz para levar a melhor sobre ela.
Para além deste interessante diálogo entre uma voz enamorada e sonhadora e a voz da experiência (a que poderemos até dar um sentido terno, se subentendermos que aquele alguém é o pai da moça), saliente-se a belíssima imagem do cervo ferido pelo monteiro real, e que, tentando escapar, acaba por entrar no mar e aí morrer.
Note-se também a originalidade de ser esta uma cantiga paralelística sem refrão.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Mestria, dialogada
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1186, V 791

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1186

Cancioneiro da Vaticana - V 791


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Tal vai o meu amigo com amor que lh'eu dei      versão audio disponível

Versão de Zofia Dowgiałło, Paulina Ceremużyńska