| | | Paio Soares de Taveirós | | | |
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| | | | Como morreu quem nunca bem |  | | | houve da rem que mais amou, | | | | e que[m] viu quanto receou |  | | | dela, e foi morto por en: | | 5 | | ai, mia senhor, assi moir'eu! | | | | | Como morreu quem foi amar | | | | quem lhe nunca quis bem fazer, | | | | e de que lhe fez Deus veer | | | | de que foi morto com pesar: | | 10 | | ai, mia senhor, assi moir'eu! | |  | | | Com'home que ensandeceu, | | | | senhor, com gram pesar que viu |  | | | e nom foi ledo nem dormiu | | | | depois, mia senhor, e morreu: | | 15 | | ai, mia senhor, assi moir'eu! | | | | | Como morreu quem amou tal | | | | dona que lhe nunca fez bem, | | | | e quen'a viu levar a quem | | | | a nom valia, nen'a val: | | 20 | | ai, mia senhor, assi moir'eu! |
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| Nota geral: A construção anafórica e a descrição do sofrimento do trovador através sua inclusão num caso típico (e tópico) geral singularizam retoricamente esta bela cantiga, na qual, de novo, como já acontecia em duas outras cantigas anteriores, Paio Soares faz uma referência final aos motivos concretos para o seu desespero: o casamento da sua amada. Se o termo concreto não é utilizado aqui, a perífrase que o substitui acrescenta sentido e força dramática ao lamento: "viu-a levar a quem a não valia nem a vale" (um marido que não está à sua altura, um casamento arranjado). Se é impossível aferirmos a sinceridade deste lamento (poderia até dar-se o caso de Paio Soares ter composto este grupo de cantigas para as bodas de alguma dama, sendo por todos entendidas como retoricamente apropriadas), também é certo que elas nos abrem uma pequena porta para os bastidores do amor "cortês", quase sempre cantado pelos trovadores em termos bem mais genéricos e impessoais.
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Nota geral
Descrição
Cantiga de Amor Refrão Cobras singulares (Saber mais)
Fontes manuscritas
A 35, B 150 
Versões musicais
Originais
Desconhecidas
Contrafactum
Desconhecidas
Composição/Recriação moderna
Assim moira eu Versões de Tomás Borba
Como Morreu Versão de J. Vicente Narciso
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