Cantiga com provérbio:
Quem muito jura, muito mente
  (linha 9)

Juião Bolseiro


Buscastes-m', ai amigo, muito mal
 ali u vos enfengistes de mi,
e rog'a Deus que mi perçades i;
e dized'ora, falso, desleal:
5       se vos eu fiz no mund'algum prazer,
       que coita houvestes vós de o dizer?
  
E nom vos presta, fals', em mi o negar
 nem mi o neguedes, ca vos nom tem prol,
nem juredes, ca sempr'o falso sol
10jurar muit', e dizede sem jurar:
       se vos eu fiz no mund'algum prazer,
       que coita houvestes vós de o dizer?
  
O que dissestes, se vos eu ar vir
por mi coitado, como vos vi já,
15vedes, fals', acoomiar-xi-vos-á;
mais dized'ora, sem todo mentir:
       se vos eu fiz no mund'algum prazer,
       que coita houvestes vós de o dizer?



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Nota geral:

Dirigindo-se ao seu amigo, a quem chama falso e desleal, a donzela exprime a sua ira pelo facto de ele se ter ido gabar do que ela, condescendente, lhe tinha feito. Que necessidade tinha ele disso? Não lhe valerá muito a pena negar ou jurar em vão - da próxima vez que ela o vir sofredor, como já antes o viu, só poderá esperar que ela lhe pague na mesma moeda.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
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Fontes manuscritas

B 1172, V 778

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1172

Cancioneiro da Vaticana - V 778


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas