Nota geral: Integrando o ciclo de cantigas das "barcas novas", esta pequena composição (onde a voz feminina só surge no refrão) é como um eco da primeira dessas cantigas, onde a jovem donzela exprime o seu prazer ao ver, da ribeira, as barcas remar no rio. Apesar da sua brevidade, também esta composição levanta problemas interessantes, que desmentem a sua aparente simplicidade. Um deles é a referência explícita (e rara, neste tipo de cantigas) ao estatuto da figura feminina: uma dona virgo (o que parece contraditório, já que dona é, na época, a mulher adulta ou casada), e, socialmente, uma dona d´algo (uma fidalga). Uma segunda questão, de âmbito diferente, prende-se com o facto de os três primeiros versos da cantiga serem retomados, quase textualmente, por Airas Nunes numa sua pastorela (não deixando de ser curioso que a única palavra a desaparecer seja, exatamente, dona).
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