Lopo


Par Deus, senhor, muit'aguisad[o] hei,
des quando m'ora eu de vós quitar,
de vos veer mui tard', a meu cuidar,
por ũa rem, que vos ora direi:
5ca nom será tam pequena sazom
que sem vós more, se Deus mi perdom,
que mi nom seja mui grand', e[u] o sei.
  
E, mia senhor, nunca cedo verrei
u vos veja, des que m'ora partir
10de vós, mia senhor, e vos eu nom vir;
Mais com tal coita como viverei?
Ca, se um dia tardar u eu for
e u vos nom vir, bem terrei, mia senhor,
que há um an'ou mais que alá tardei.
  
15E, mia senhor, por que me coitarei
de viir cedo, pois mi prol nom há?
Ca, se veer logo, tardi será;
e por esto nunca ced'acharei;
ca, se um dia em meos meter
20que vos nom veja, log'hei de teer
que há mil dias que sem vós morei.



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Nota geral:

Dirigindo-se à sua senhora, o trovador diz-lhe que tem a certeza de que, assim que se separar dela, passará muito tempo sem a ver. Mas apenas por um motivo: é que, por mais curto que esse tempo seja, para ele será sempre grande demais. Na segunda estrofe, concretiza: se passar um dia a mais longe dela, sentirá que um ano ou mais tardou por lá. De modo que, na terceira estrofe, pergunta: que lhe adianta regressar rapidamente? Por mais rapidamente que regresse, para ele será sempre tarde, já que um dia sem a ver equivale a mil dias longe dela.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares (rima a uníssona)
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Fontes manuscritas

B 1113, V 704

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1113

Cancioneiro da Vaticana - V 704


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas