Estêvão Fernandes d'Elvas


- Farei eu, filha, que vos nom veja
vosso amigo. - Por quê, madr'e senhor?
- Ca me dizem que é entendedor
voss'. - Ai mia madre, por Deus nom seja;
5       eu o dev'a lazerar, que o fiz
       sandeu e el com sandice o diz.
  
- De vós e del, filha, hei queixume.
 - Por quê, madre? Ca nom é guisado.
- Lazerar-mi-á esse perjurado.
10- Por quê, madre? É meu bem e meu lume:
       eu o devo a lazerar, que o fiz
       sandeu e el com sandice o diz.
  
- Matar-m'-ei, filha, se mi o disserdes.
- Por que vos havedes, madr', a matar?
15- Ante que m'eu do falso nom vengar.
- Madre, se vós vos vengar quiserdes,
       eu o devo a lazerar, que o fiz
       sandeu e el com sandice o diz.



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Nota geral:

Neste vivo diálogo entre mãe e filha, a mãe começa por dizer à filha que a vai proibir de ver o seu amigo. À pergunta desta (porquê?), a mãe responde que dizem por aí que as coisas tinham ido longe demais (que eram agora amantes). A justificação da moça, ao longo de toda a cantiga (no refrão), e perante a zanga crescente da mãe, é que o que ele diz não passa de loucura, e, dado que foi ela que o pôs assim, é ela quem deve sofrer.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão, Dialogada
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1092, V 683

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1092

Cancioneiro da Vaticana - V 683


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas