João Airas de Santiago


Vai meu amigo com el-rei morar
e nom mi o disse nem lh[o] outorguei,
e faz mal sem de mi faz[er] pesar;
mais eu perça bom parecer que hei,
5       se nunca lh'el-rei tanto bem fezer
       quanto lh'eu farei, quando mi quiser.
  
E [el] quer muito com el-rei viver
e [a] mia sanha non'a tem em rem;
e el-rei pode quanto quer poder,
10mas mal mi venha onde vem o bem,
       se nunca lh'el-rei tanto bem fezer
       quanto lh'eu farei, quando mi quiser.
  
E el punhou muit[o sempr'] em me servir
e a [e]l-rei nunca serviço fez,
15por end'el-rei nom há que lhi gracir;
mais eu perça bom parecer e bom prez,
       se nunca lh'el-rei tanto bem fezer
       quanto lh'eu farei, quando mi quiser.
  
Ca mais [lhi] valrá se lh'eu [bem] quiser,
20que quanto bem lh'el-rei fazer poder.



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Nota geral:

Uma vez que o seu amigo se dispõe a ir morar para a corte real, sem a ter avisado e sem lhe pedir licença, a donzela exprime o seu desgosto e a sua irritação, certa de que nunca o rei lhe concederá tantos favores como ela, quando assim quiser. E os seus favores serão bem mais valiosos do que todos os que el-rei lhe conceder.
A composição tem muitos pontos de contacto com uma anterior cantiga do trovador e também com as duas cantigas seguintes.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1042, V 632

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1042

Cancioneiro da Vaticana - V 632


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas