João Airas de Santiago


Vedes, amigo, ond'hei gram pesar:
sei muitas donas que sabem amar
seus amigos e soem-lhis falar
 e nom lho sabem, assi lhis avém;
 5e nós sol que o queiramos provar,
       log'é sabud'e nom sei eu per quem.
  
Tal dona sei eu, quando quer veer
seu amigo, a que sabe bem querer,
que lho nom podem per rem entender
10o[s] que cuidam que a guarda[m] mui bem;
e nós sol que o queiramos fazer,
       log'é sabud'e nom sei eu per quem.
  
 Com'eu querria, nom se guis'assi:
falar vosco, que morredes por mi,
15com'outras donas falam, e des i
nunca lhis mais podem entender rem;
e nós [sol] ante que cheguemos i,
       log'é sabud'e nom sei eu per quem.
  
Coita lhi venha qual ora a nós vem
20per quem nos a nós tod'este mal vem.



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Nota geral:

Dirigindo-se ao seu amigo, a donzela desespera: conhecendo ela muitas mulheres que falam e estão com os seus amigos e tudo permanece secreto, com eles acontece o contrário: mal o tentam, logo todos ficam a saber, e sem que ela entenda quem o foi contar.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1037, V 627

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1037

Cancioneiro da Vaticana - V 627


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas