João Airas de Santiago


Diz meu amigo que, u nom jaz al,
morre, ca nom pod'haver bem de mi,
e queixa-se-me muito e diz assi:
que o mat'eu e que faço mui mal;
5       mais onde tem el que o mato eu?
       Se el morr'é por lh'eu nom dar o meu.
  
Tem guisad'em muitas vezes morrer,
se el morrer cada que lh'eu nom der
do meu rem, senom quando m'eu quiser,
10e diz que o mato a mal fazer;
       mais onde tem el que o mato eu?
       Se el morr'é por lh'eu nom dar o meu.
  
Diz que tam muito é coitado d'amor
que rem de morte non'o tornará
15porque nom houve bem de mim nem há,
e diz-m'el: "[E] matades-me, senhor!";
       mais onde tem el que o mato eu?
       Se el morr'é por lh'eu nom dar o meu.
  
E assanha-xi-m'el, mais bem sei eu
20que a sanha toda é sobre lo meu.



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Nota geral:

A donzela responde ironicamente às queixas do seu amigo, que diz que ela o mata de amor: se ele morre é porque ela não lhe dá exatamente o que ele quer. E o seu destino será morrer muitas vezes, se decidir morrer cada vez que ela se recusar a dar-lhe outra coisa senão aquilo que muito bem entender e quando entender.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1031, V 621

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1031

Cancioneiro da Vaticana - V 621


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas