João Airas de Santiago


O voss'amig'há de vós gram pavor,
ca sab'el que vos fazem entender
que foi, amiga, de vós mal dizer;
mais voss'amigo diz end'o melhor:
5       que, de quanto disse de vós e diz,
vó'lo julgad'assi come senhor;
       ca diz que nom quer i outro juiz.
  
Queixades-vos del, mais, se Deus quiser,
saberedes, a pouca de sazom,
10que nunca disse de vós se bem nom,
nem dirá, mais diz quant'i há mester:
       que, de quanto disse de vós e diz,
vó'lo julgade como vos prouguer;
       ca diz que nom quer i outro juiz.
  
15Rogou-m'el muito que vos jurass'eu
que nunca disse de vós senom bem,
nen'o dirá, e ar diz outra rem,
e nom há mais que diga, cuido-m'eu:
       que, de quanto disse de vós e diz,
20vós julgad'i o voss[o] e o seu;
       ca diz que nom quer i outro juiz.
  
Filhad'o seu preito, como [el] diz,
sobre vós, e conselho-vo-lo eu,
e nom ponhades i outro juiz.



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Nota geral:

Uma amiga diz à donzela que o seu amigo está com receio, uma vez que sabe que lhe fizeram chegar aos ouvidos que ele andou a dizer mal dela. E manda então dizer-lhe que só a ela, como sua senhora, cabe julgar da veracidade dessas acusações, jurando também que são falsas. Na finda, a amiga aconselha a donzela aceitar a sugestão que ele faz e a dispensar juízos alheios.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1015, V 605

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1015

Cancioneiro da Vaticana - V 605


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas