Pero Gomes Barroso


 Translate

Do que sabia nulha rem nom sei,
polo mundo, que vej'assi andar;
e quand'i cuido, hei log'a cuidar,
per boa fé, o que nunca cuidei:
5       ca vej'agora o que nunca vi
       e ouço cousas que nunca .
  
Aquesto mundo, par Deus, nom é tal
qual eu vi outro, nom há gram sazom;
e por aquesto, no meu coraçom,
10aquel desej'e este quero mal:
       ca vej'agora o que nunca vi
       e ouço cousas que nunca oí.
  
E nom receo mia morte por en
e, Deus lo sabe, queria morrer;
15ca nom vejo de que haja prazer
nem sei amigo de que diga bem:
       ca vej'agora o que nunca vi
       e ouço cousas que nunca oí.
  
E se me a mim Deus quisess'atender,
20per boa fé, ũa pouca razom,
eu post'havia no meu coraçom
de nunca jamais nẽum bem fazer:
       ca vej'agora o que nunca vi
       e ouço cousas que nunca oí.
  
 25E nom daria rem por viver i
en'este mundo mais do que vivi.



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Sirventês moral sobre o desengano do mundo e a miséria dos tempos, com o topus tradicional de um passado melhor que um presente em desconcerto.
A cantiga tem uma disposição particular em V, único manuscrito a transmiti-la. De facto, ela vem precedida de uma rubrica que diz: Esta cobra [é] a prestumeira desta cantiga de Dom Pedro Gómez Barroso que diz : Do que sabia nulha rem nom sei. Segue-se a última estrofe, como anunciado, depois o nome do trovador e em seguida a cantiga (sem a estrofe final, mas com a finda). Foi esta disposição anómala das estrofes da cantiga no ms. que esteve na origem da sua numeração dupla (a estrofe isolada tem o nº 592 e o resto da cantiga o nº 593).



Nota geral


Descrição

Sirventês moral
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

V 592/593
(C 1003)

Cancioneiro da Vaticana - V 592/593


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas