Bernal de Bonaval
Trovador medieval


Nacionalidade: Galega

Notas biográficas:

Segrel galego, oriundo de Bonaval, muito provavelmente o bairro extra-muros da Santiago de Compostela medieval, cuja ermida repetidamente refere (incluindo a sua sagração, que poderá ter ocorrido em 1230, embora não haja certezas). Deverá, pois, ter iniciado a sua atividade nas primeiras décadas do século XIII, o que está de acordo com a sua colocação nos cancioneiros, iniciando a série do que Resende de Oliveira1 chama "cancioneiro de jograis galegos" (série ainda visível na rubrica que antecede a sua primeira cantiga: Em esta folha adeante se començam as cantigas d’amor. Primeiro trobador: Bernal de Bonavalle). Mas frequentou ainda seguramente o círculo trovadoresco de Afonso X (infante ou rei), atendendo às várias cantigas satíricas que lhe são dirigidas por trovadores e jograis afonsinos, e isto provavelmente nas décadas de quarenta ou cinquenta, já que, pelo tom utilizado nessas cantigas, se depreende que pertenceria à geração anterior.
Acrescente-se que, muito recentemente, José António Souto Cabo2 encontrou novos dados que poderão alterar a visão que temos de Bernardo de Bonaval e lançar uma luz diferente sobre as suas cantigas. Com efeito, no testamento do juiz compostelano Fernando Afonso, datado de 1279, este investigador localizou um "Frei Bernardo, prior de Bonaval" que supõe ser o nosso autor. Assim, como acrescenta, "de acordo com essa hipótese, D. Bernardo virá somar-se à (cada vez mais importante) nómina de religiosos, sobretudo compostelanos, que participaram ativamente no movimento lírico galego-português". Seja como for, e dado serem escassos os documentos relativos ao convento (dominicano) de Bonaval durante este período, nada mais sabemos, pelo menos de momento, sobre a trajetória de D. Bernardo na Ordem ou sobre os anos do seu priorado.


Referências

1 Oliveira, António Resende de (1994), Depois do espectáculo trovadoresco. A estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos séculos XIII e XIV, Lisboa, Edições Colibri.

2 Souto Cabo, José António (2012), "En Santiago, seend’ albergado en mia pousada. Nótulas trovadorescas compostelanas", in Verba, 39.
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Ler todas as cantigas (por ordem dos cancioneiros)


Cantigas (por ordem alfabética):


A Bonaval quer'eu, mia senhor, ir
Cantiga de Amor

A dona que eu am'e tenho por senhor
Cantiga de Amor

- Abril Pérez, muit'hei eu gram pesar
Tenção de amor

Ai Deus! e quem mi tolherá
Cantiga de Amor

- Ai fremosinha, se bem hajades
Cantiga de Amigo

Amor, bem sei o que m'ora faredes
Cantiga de Amor

Diss'a fremosa em Bonaval assi:
Cantiga de Amigo

Filha fremosa, vedes que vos digo:
Cantiga de Amigo

Fremosas, a Deus grado, tam bom dia comigo
Cantiga de Amigo

Pero m'eu moiro, mia senhor
Cantiga de Amor

Pero me vós dizedes, mia senhor
Cantiga de Amor

Pero vejo donas mui bem parecer
Cantiga de Amor

Pois mi dizedes, amigo, ca mi queredes vós melhor
Cantiga de Amigo

Por quanta coita me faz mia senhor
Cantiga de Amor

Quero-vos eu, mia irmana, rogar
Cantiga de Amigo

Rogar-vos quero [e]u, mia madr'e mia senhor,
Cantiga de Amigo

Se veess'o meu amigo a Bonaval e me visse
Cantiga de Amigo

Senhor fremosa, pois assi Deus quer
Cantiga de Amor

Senhor fremosa, tam gram coita hei
Cantiga de Amor