Osoiro Anes
Trovador medieval


Nacionalidade: Galega

Notas biográficas:

Trovador galego, ativo nas primeiras décadas do século XIII, ou seja, na fase inicial da poesia galego-portuguesa. A existência de vários homónimos por estes anos introduz, no entanto, alguma incerteza na sua identificação concreta, de resto muito recentemente revista por Henrique Monteagudo1 e José António Souto Cabo2.
Na verdade, Osoiro Anes tem sido tradicionalmente identificado como o cónego de Santiago de Compostela, cujo testamento, datado de 1236, se conserva na Sé desta cidade (vd. nomeadamente Yara Frateshi Vieira3). Filho de João Froiaz Marinho, senhor de Valadares (na região de Noia), este Osoiro Anes poderá ser irmão dos trovadores Pero Anes e Martim Anes Marinho, como discutimos na nota biográfica relativa a este último. No entanto, a existência de um outro documento, datado de 1239, em que Osoiro Anes é referido como tenente de Lama Mala (que Resende de Oliveira situa no território de Toronho, junto da fronteira portuguesa4), e, sobretudo, a existência bem atestada de um Osoiro Anes que foi tenente de Búval e de Ribadávia, em datas bem mais antigas (1187 -1213), introduzia, desde logo, alguma incerteza na referida identificação do trovador com o cónego compostelano.
Na verdade, esta incerteza conduziu recentemente a uma revisão mais atenta dos dados, da qual resultou, como acima referimos, uma nova proposta de identificação, sugerida por Monteagudo e adoptada e desenvolvida por Souto Cabo. Defendem estes investigadores, pois, que o trovador presente na parte inicial dos cancioneiros será exatamente este último cavaleiro, igualmente documentado em 1217, como possuidor de bens em Santiago de Compostela, e que identificam como Osoiro Anes de Lima ou da Nóvoa, filho de João Airas da Nóvoa e de Urraca Fernandes de Trava. Documentada pela primeira vez em 1175, na escritura de uma venda efetuada por seus pais, Osoiro Anes pertencia a uma importante família galega, cujos membros desempenharam papéis de relevo na corte leonesa. Exemplo disso mesmo é o facto de o rei Afonso IX ter sido criado exatamente em casa de João Airas da Nóvoa, o pai do trovador, muito provavelmente, como pensa Souto Cabo, pela sua ligação matrimonial a uma Trava, linhagem que frequentemente desempenhou este papel. Quanto a Osoiro Anes, sabemos ainda, através do testamento de D. Maior Peres Bazaco, mulher de D. Múnio Fernandes de Rodeiro e tia do trovador Pedro Pais Bazaco, que foi em casa desta última que ele foi criado. Como arco cronológico da vida do trovador, Souto Cabo sugere, pois, os anos de 1160 a 1220, acrescentando ainda a estes dados biográficos, um conjunto de informações que parecem demonstrar a proximidade (em muitos casos, até familiar) de Osoiro Anes com todos os restantes trovadores da fase inicial da poesia galego-portuguesa.


Referências

1 Monteagudo, Henrique (2008), Letras primeiras. O Foral de Caldelas, os primordios da lírica trobadoresca e a emerxencia do galego escrito, Corunha, Fundación Pedro Barrié de la Maza.

2 Souto Cabo, José António (2012), Os cavaleiros que fizeram as cantigas. Aproximação às origens socioculturais da lírica galego-portuguesa, Niterói, Editora UFF, pp. 81-87.
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3 Vieira, Yara Frateschi (1999), En cas dona Maior. Os trovadores e a corte senhorial galega no século XIII, Noia, Edicións Laiovento, p. 146.

4 Oliveira, António Resende de (1994), Depois do espectáculo trovadoresco. A estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos séculos XIII e XIV, Lisboa, Edições Colibri.

Ler todas as cantigas (por ordem dos cancioneiros)


Cantigas (por ordem alfabética):


Cuidei eu de meu coraçom
Cantiga de Amor

E por que me desamades
Cantiga de Amor

Eu, que nova senhor filhei
Cantiga de Amor

Hei eu tam gram medo de mia senhor
Cantiga de Amor

Mim prês forçadament'Amor
Cantiga de Amor

Par Deus, fremosa mia senhor
Cantiga de Amor

Sazom é já de me partir
Cantiga de Amor

Vós, mia senhor, que nom havedes cura
Cantiga de Amor