João Lopes de Ulhoa
Trovador medieval


Nacionalidade: Galega

Notas biográficas:

Trovador de origem galega, pertencente provavelmente a uma linhagem implantada nas margens do rio Ulla, na terra de Monterroso, entre Santiago de Compostela e Lugo. Era filho de Lopo Rodrigues de Ulhoa e, provavelmente, de Maria Fernandes Batissela1 (embora o nome indicado pelo Nobiliário do Conde D. Pedro, LC13D3, seja Teresa Fernandes de Trava). O Nobiliário indica-nos também que João Lopes de Ulhoa foi "freire", isto é, cavaleiro de uma ordem militar (embora não especifique qual). Este estatuto parece, de resto, ser comprovado por um documento do magnate galego D. Rodrigo Gomes de Trava, datado de 1238, e testemunhado por um "João Lopes, comendador de Faro", que deverá ser o trovador2. Em data também difícil de precisar deverá ter passado a Portugal, onde casou com Sancha Lourenço Taveira, estando documentado na Estremadura portuguesa de 1265 a 1286, data esta em que deveria ser já relativamente idoso, pois faz uma doação ao mosteiro de S. Vicente por alma de sua mulher.
Acrescente-se que, em relação à ordem militar à qual João Lopes teria pertencido, os documentos parecem contraditórios, já que a comenda de Faro, acima referida, seria a de Burgo de Faro, na Galiza, nas mãos dos Templários; mas há igualmente documentos que parecem ligar o trovador aos Hospitalários (no repartimento de Múrcia recebe terras, entre 1266 e 1272, um cavaleiro desta ordem, de seu nome João Lopes de Ulloo), e mesmo à Ordem de Alcântara (um documento de cedência dos bens à ordem, datado de 1271 e assinado no Sabugal). Como Ron Fernández3, o investigador que fornece estas últimas informações, cremos que a estranheza destes dados parece indicar que estaremos face a um ou dois homónimos, o que introduz alguma incerteza nos dados biográficos acima mencionados.


Referências

1 Souto Cabo, José António (2012), Os cavaleiros que fizeram as cantigas. Aproximação às origens socioculturais da lírica galego-portuguesa, Niterói, Editora UFF, p. 102.
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2 Oliveira, António Resende de (1994), Depois do espectáculo trovadoresco. A estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos séculos XIII e XIV, Lisboa, Edições Colibri, p. 366.

3 Ron Fernández, Xavier (2005), “Carolina Michaelis e os trobadores representados no Cancioneiro da Ajuda”, in Carolina Michaelis e o Cancioneira da Ajuda hoxe, Santiago de Compostela, Xunta de Galicia.
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Cantigas (por ordem alfabética):


A mia senhor, que me foi amostrar
Cantiga de Amor

Ai Deus, u é meu amigo
Cantiga de Amigo

Ando coitado por veer
Cantiga de Amor

Coit'haveria, se de mia senhor
Cantiga de Amor

Em que afã que hoje viv'! E sei
Cantiga de Amor

Eu fiz mal sem qual nunca fez molher
Cantiga de Amigo

Eu nunca dórmio nada, cuidand'em meu amigo
Cantiga de Amigo

Já eu sempre mentre viva for, viverei mui coitada
Cantiga de Amigo

Juro-vos eu, fremosa mia senhor
Cantiga de Amor

Nostro Senhor! que nom fui guardado
Cantiga de Amor

Nostro Senhor, que me fez tanto mal
Cantiga de Amor

Oí ora dizer que vem
Cantiga de Amigo

Quand'eu podia mia senhor
Cantiga de Amor

Quand'hoj'eu vi per u podia ir
Cantiga de Amor

Que mi queredes, ai madr'e senhor?
Cantiga de Amigo

Que trist'hoj'eu and'e faço gram razom:
Cantiga de Amigo

Se eu moiro, ben'o busquei!
Cantiga de Amor

Sempr'eu, senhor, roguei a Deus por mi
Cantiga de Amor