Garcia Mendes de Eixo
Trovador medieval


Nacionalidade: Portuguesa

Notas biográficas:

Trovador português da fase inicial da poesia medieval ibérica, D. Garcia Mendes de Eixo ou de Sousa era filho segundo do conde D. Mendo Gonçalves de Sousa, o Sousão, chefe de uma das mais importantes linhagens medievais portuguesas, sendo sua mãe D. Maria Rodrigues Veloso, da linhagem galega dos Trava. Nascido provavelmente por meados dos século XII, aparece pela primeira vez documentado na corte de D. Sancho I, assinando documentos desde a década final desse século até 1211. Por esta altura, estaria já casado com D. Elvira Gonçalves de Toronho, senhora proveniente de uma linhagem desta região do sul da Galiza, de resto com laços ao trovadorismo (o seu pai, Gonçalo Pais de Toronho, será primo segundo do trovador Fernão Pais de Tamalhancos; e, segundo os Nobiliários - LC37E4 -, a sua tia, Maria Pais, foi a dama por quem terá morrido de amores o trovador Pero Rodrigues da Palmeira).
A partir de 1211, ano que é também o da subida ao trono de D. Afonso II, até 1217, ano em que reaparece na documentação portuguesa, nada se sabe do percurso de D. Garcia Mendes. É possível que, como o seu irmão, o conde D. Gonçalo Mendes de Sousa, se tenha exilado no reino vizinho, na sequência do conflito entre o novo monarca e suas irmãs em torno da herança paterna. De facto, D. Gonçalo Mendes, mordomo-mor e principal testamenteiro do falecido Sancho I, foi um dos grandes defensores dos direitos das infantas Teresa, Sancha e Mafalda, amplamente beneficiadas nesse testamento, e que Afonso II se recusou a cumprir. É possível, pois, que D. Garcia Mendes se tenha juntado a seu irmão na corte de Leão, ou mesmo, como sugere Pizarro2, que tenha em seguida passado a Aragão, acompanhando o infante D. Pedro Sanches, irmão de Afonso II. Como também é possível que se tenha ausentado em algum momento deste percurso para Toronho, os domínios de sua mulher. Seja como for, em 1217, certamente na sequência do acordo provisório entre o rei e as infantas, estava novamente na corte portuguesa, onde assina documentos até 1224, ano em que detinha a tenência de Gouveia. Parece ter-se afastado novamente da corte pouco depois, talvez na sequência da morte de Afonso II e do reacender dos conflitos no seio da nobreza durante o período da menoridade do novo rei, Sancho II. Morre em 1239, sendo sepultado no panteão dos Sousa, no mosteiro de Alcobaça.
Dos seis filhos de D. Garcia Mendes e de D. Elvira de Toronho, dois foram igualmente trovadores: o conde D. Gonçalo Garcia (conde pelo seu casamento com a bastarda de Afonso III, Leonor Afonso) e D. Fernão Garcia Esgaravunha.
Sousa por nascimento, D. Garcia Mendes d'Eixo deve o apelido por que ficou conhecido certamente à povoação de Eixo, próxima de Aveiro, onde é possível que tivesse o seu paço.


Referências

1 Souto Cabo, José António (2012), Os cavaleiros que fizeram as cantigas. Aproximação às origens socioculturais da lírica galego-portuguesa, Niterói, Editora UFF, p. 178.
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2 Pizarro, José Augusto (1999), Linhagens medievais portuguesas: genealogias e estratégias 1279-1325, vol. I, Porto, Centro de Estudos de Genealogia, Heráldica e História da Família da Universidade Moderna, p. 214.
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Alá u nazq la Torona
Género incerto