Rui Gomes de Briteiros
Trovador medieval


Nacionalidade: Portuguesa

Notas biográficas:

Trovador português, ativo na primeira metade do século XIII. Originário de uma linhagem de infanções radicada na região de Longos, Guimarães, Rui Gomes protagoniza um dos mais claros percursos de ascensão social do século XIII português, percurso que será, aliás, continuado pelos seus descendentes, dois dos quais igualmente trovadores (o seu filho Mem Rodrigues e o seu neto, João Mendes de Briteiros).
Nascido ainda em finais do século XII, uma vez que um documento o mostra já adulto em 1220, Rui Gomes era filho de Gomes Mendes de Longos ou de Briteiros e Urraca Gomes da Silva. Em 1226, encontramo-lo na corte de Leão, como vassalo do infante D. Pedro Sanches, irmão de D. Afonso II (e com ele em litígio por ter tomado o partido das suas irmãs, as infantas Teresa e Mafalda, na questão do incumprimento do testamento de seu pai, litígio que o leva ao exílio na corte leonesa). Com a partida de D. Pedro Sanches para Aragão no final dessa década, Rui Gomes regressa a Portugal, sendo por esses anos o protagonista de um episódio que deu brado (e que deixou marcas no cancioneiro satírico), o alegado rapto da rica herdeira Elvira Anes de Sousa ou da Maia, com quem efetivamente se casa. Se esse rapto foi efetivo (o que é questionado por Leontina Ventura e Resende de Oliveira1, até por a ele não haver qualquer referência no Livro Velho de Linhagens mas apenas nos seguintes), é possível que Rui Gomes tenha sido obrigado a sair de novo de Portugal por algum tempo, havendo, no entanto, notícia da sua presença no reino em 1238. O seu percurso nos anos seguintes é desconhecido, mas terá passado eventualmente pela corte castelhana em 1241 ou 1242, a julgar pela sua participação no ciclo de cantigas dirigidas ao "mouro" João Fernandes, que teremos, em princípio, de colocar nesse contexto.
São esses também os anos do agudizar do conflito que conduziu à guerra civil e à deposição de D. Sancho II (1245-48), e durante os quais Rui Gomes se torna num dos mais fervorosos partidários do Conde de Bolonha, reunindo-se-lhe desde logo em Paris, onde é uma das testemunhas do importante documento pelo qual D. Afonso jura aceitar a regência do reino. Após o desfecho da guerra civil, com a subida ao trono do novo monarca (1248), este recompensa a sua fidelidade elevando-o à categoria de rico-homem e atribuindo-lhe o importante cargo de mordomo régio, cargo que terá desempenhado, no entanto, por pouco tempo, já que terá morrido ainda antes de 1250, talvez durante as operações militares que se saldaram na conquista do Algarve.


Referências

1 Ventura, Leontina e Oliveira, António Resende de (2003), "Os Briteiros (séculos XII-XIV) 4. Produção Trovadoresca", in Os Reinos Ibéricos na Idade Média. Livro de Homenagem ao Professor Doutor Humberto Carlos Baquero Moreno, coord. Luís Adão da Fonseca et al, vol. II , Porto, Livraria Civilização.

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Joam Fernándiz quer [ir] guerreiar
Cantiga de Escárnio e maldizer

Joam Fernándiz, aqui é chegado
Cantiga de Escárnio e maldizer