Pero da Ponte
Trovador medieval


Nacionalidade: Galega

Notas biográficas:

Trovador muito provavelmente galego, ativo nas cortes castelhanas de Fernando III e Afonso X. A sua condição de escudeiro e trovador é referida pelo próprio em duas composições (1, 2), mas é provável que o seu verdadeiro estatuto social fosse o de segrel, categoria algo fluida, mas que apontava para uma posição intermédia entre o jogral e o trovador nobre.
Embora a documentação galega de meados do século XIII ateste a existência de pelo menos dois indivíduos que poderiam eventualmente ser identificados com o segrel, um Pero Fernandes da Ponte e um Pero Anes da Ponte, a ausência de patronímico nas rubricas atributivas dos cancioneiros torna problemática a sua identificação com qualquer deles. O apelido Da Ponte está, no entanto, bem documentado na cidade de Pontevedra, onde um don Martinus Petri da Ponte era alcaide entre 1240 e 1242, e onde a família parece ter desempenhado relevante papel social nos séculos XIV e XV, segundo dados recolhidos por Ron Fernández1. É também a este investigador que se deve a localização, no Repartimento de Valencia (1238-1240), de um P. de Ponte, que poderá ser o trovador, até porque o seu nome surge ao lado dos de um conjunto importante de jograis, de diferentes origens e línguas. Como refere este investigador "o feito de que Pero da Ponte eloxie a conquista de Valencia ben podería relacionarse coa súa presenza no evento e no repartiment, sendo beneficiado nel".
De resto, as suas composições permitem uma datação relativamente segura da sua atividade trovadoresca, que deverá ter tido início um pouco antes de 1235, ano da morte da rainha D. Beatriz, mãe de Afonso X, a quem dedica um pranto, e se terá prolongado pelo menos até 1275, conforme propôs Vicenç Beltran2, a partir da análise de uma sua composição, que seguirá uma canso do trovador provençal Guiraut Riquier, datável desse ano), ou mesmo, estamos em crer, até aos anos seguintes, tendo em conta a composição que dirige contra o infante D. Manuel, irmão de Afonso X (e com ele em litígio apenas a partir de 1277). Igualmente a partir das suas composições se depreende que Pero da Ponte se terá continuamente mantido muito próximo da corte régia do Rei Sábio, de cujas posições políticas se faz porta-voz em numerosas circunstâncias (nomeadamente, e para além do caso antes aludido, aquando da rebelião nobiliárquica castelhana dos inícios dos anos 70).


Referências

1 Ron Fernández, Xavier (2005), “Carolina Michaelis e os trobadores representados no Cancioneiro da Ajuda”, in Carolina Michaelis e o Cancioneira da Ajuda hoxe, Santiago de Compostela, Xunta de Galicia.
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2 Beltran, Vicenç (2005), La corte de Babel. Lenguas, poética y política en la España del siglo XIII, Madrid, Bredos, p. 183.
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Cantigas (por ordem alfabética):


Agora me part'eu mui sem meu grado
Cantiga de Amor

- Ai madr', o que me namorou
Cantiga de Amigo

Aos mouros que aqui som
Cantiga de Escárnio e maldizer

D'ũa cousa sõo maravilhado
Cantiga de Escárnio e maldizer

D'um tal ric'home ouç'eu dizer
Cantiga de Escárnio e maldizer

D'um tal ric'home vos quero contar
Cantiga de Escárnio e maldizer

Dade-m'alvíssara, Pedr'Agudo
Cantiga de Escárnio e maldizer

De [Dom] Fernam Diaz Estaturão
Cantiga de Escárnio e maldizer

De Sueir'Eanes direi
Cantiga de Escárnio e maldizer

Dom Bernaldo, pois tragedes
Cantiga de Escárnio e maldizer

- Dom Garcia Martĩins, saber
Tenção de amor

Dom Tisso Pérez, queria hoj'eu
Cantiga de Escárnio e maldizer

Em almoeda vi estar
Cantiga de Escárnio e maldizer

Eu bem me cuidava que er'avoleza
Cantiga de Escárnio e maldizer

Eu digo mal, com'home fodimalho
Cantiga de Escárnio e maldizer

Eu, em Toledo, sempr'ouço dizer
Cantiga de Escárnio e maldizer

Foi-s'o meu amigo daqui
Cantiga de Amigo

Garcia López d'Elfaro
Cantiga de Escárnio e maldizer

Maria Pérez, a nossa cruzada
Cantiga de Escárnio e maldizer

Marinha Crespa, sabedes filhar
Cantiga de Escárnio e maldizer

Marinha Foça quis saber
Cantiga de Escárnio e maldizer

Marinha López, oimais, a seu grado
Cantiga de Escárnio e maldizer

Martim de Cornes vi queixar
Cantiga de Escárnio e maldizer

Mentre m'agora d'al nom digo [nada]
Cantiga de Escárnio e maldizer

Mia madre, pois se foi daqui
Cantiga de Amigo

Mort'é Dom Martim Marcos, ai Deus! Se é verdade
Pranto de escárnio

Nostro Senhor Deus! Que prol vos tem ora
Pranto

Noutro dia, em Carrion
Cantiga de Escárnio e maldizer

O mui bom rei que conquis a fronteira
Cantiga de Loor

O que Valença conquereu
Cantiga de Loor

Ora já nom poss'eu creer
Pranto

Os de Burgos som coitados
Cantiga de Escárnio e maldizer

- Pero da Pont', e[m] um vosso cantar
Tenção

- Pero da Ponte, ou eu nom vejo bem
Tenção

Pois [que] vos vós cavidar nom sabedes
Cantiga de Escárnio e maldizer

Pois de mia morte gram sabor havedes
Escárnio e Maldizer

Pois me tanto mal fazedes
Cantiga de Amor

Pois vos ides daqui, ai meu amigo
Cantiga de Amigo

Por Deus, amig', e que será de mi
Cantiga de Amigo

Quand'eu d'Olide saí
Cantiga de Escárnio e maldizer

Que bem se soub'acompanhar
Pranto

Que mal s'este mundo guisou
Pranto

Quem a sa filha quiser dar
Cantiga de Escárnio e maldizer

Quem a sesta quiser dormir
Cantiga de Escárnio e maldizer

Quem seu parente vendia
Cantiga de Escárnio e maldizer

Se eu podesse desamar
Cantiga de Amor

Senhor do corpo delgado
Cantiga de Amor

Sueir'Eanes, este trobador
Cantiga de Escárnio e maldizer

Sueir'Eanes, nunca eu terrei
Cantiga de Escárnio e maldizer

Tam muito vos am'eu, senhor
Cantiga de Amor

Um dia fui cavalgar
Cantiga de Escárnio e maldizer

- Vistes, madr', o escudeiro que m'houvera levar sigo?
Cantiga de Amigo

Vistes, madr', o que dizia
Cantiga de Amigo


Autoria duvidosa:


A mia senhor, que eu mais doutra rem
Cantiga de Amor

Meus olhos, gram coita d'amor
Cantiga de Amor