João Baveca
Trovador ou Jogral medieval


Nacionalidade: Incerta

Notas biográficas:

Quase nada sabemos sobre este autor, a não ser os dados que podem ser inferidos a partir das suas cantigas. Assim, as referências que nelas faz ao segrel Bernal de Bonaval ou à soldadeira Maria Balteira, bem como as tenções com Pedro Amigo de Sevilha ou Pero d'Ambroa situam-no seguramente em Castela, no segundo terço do século XIII, nas cortes de Fernando III e Afonso X.
A sua qualidade de jogral parece depreender-se do lugar que ocupa nos cancioneiros, onde está integrado no grupo de jograis galegos, e também da tenção que mantém com Pero d'Ambroa, da qual parece depreender-se que estaria ao serviço de algum trovador. No entanto, como Resende de Oliveira não deixa de referir1, o Nobiliário do Conde D. Pedro menciona um Fernão Baveca (30BB5), segundo marido de D. Teresa Peres de Vide, sobrinha do trovador Fernão Fernandes Cogominho (e mesmo talvez por ele aludida numa sua composição), e seus filhos, Fernão e Afonso Baveca. O mesmo Fernão Baveca está igualmente documentado em Barroso, em meados do século XIII. Não sendo impossível que João Baveca pertencesse à mesma família, podendo, nesse caso, ser um cavaleiro português, faltam-nos dados para validar esta hipótese.


Referências

1 Oliveira, António Resende de (1994), Depois do espectáculo trovadoresco. A estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos séculos XIII e XIV, Lisboa, Edições Colibri, p. 358.

Ler todas as cantigas (por ordem dos cancioneiros)


Cantigas (por ordem alfabética):


- Ai amiga, hoje falou comigo
Cantiga de Amigo

Amig', entendo que nom houvestes
Cantiga de Amigo

Amiga, dizem que meu amig'há
Cantiga de Amigo

Amigo, mal soubestes encobrir
Cantiga de Amigo

Amigo, sei que há mui gram sazom
Cantiga de Amigo

Amigo, vós nom queredes catar
Cantiga de Amigo

Bernal Fendudo, quero-vos dizer
Cantiga de Escárnio e maldizer

- Como cuidades, amiga, fazer
Cantiga de Amigo

Cuidara eu a mia senhor dizer
Cantiga de Amor

Dom Bernaldo, pesa-me que tragedes
Cantiga de Escárnio e maldizer

Estavam hoje duas soldadeiras
Cantiga de Escárnio e maldizer

- Filha, de grado queria saber
Cantiga de Amigo

- Joam Baveca, fé que vós devedes
Tenção

Madr', o que sei que mi quer mui gram bem
Cantiga de Amigo

Maior Garcia sempr'oi[u] dizer
Cantiga de Escárnio e maldizer

Meus amigos, nom poss'eu mais negar
Cantiga de Amor

Mui desguisado tenho d'haver bem!
Cantiga de Amor

Muitos dizem que gram coita d'amor
Cantiga de Amor

Ora veerei, amiga, que fará
Cantiga de Amigo

Os que nom amam nem sabem d'amor
Cantiga de Amor

Par Deus, amigos, gram torto tomei
Cantiga de Escárnio e maldizer

- Pedr'Amigo, quer'ora ũa rem
Tenção

Pero d'Ambroa prometeu, de pram
Cantiga de Escárnio e maldizer

Pero d'Ambroa, sodes maiordomo
Cantiga de Escárnio e maldizer

Pesa-mi, amiga, por vos nom mentir
Cantiga de Amigo

- Por Deus, amiga, preguntar-vos-ei
Cantiga de Amigo

Senhor, por vós hei as coitas que hei
Cantiga de Amor

U vos nom vejo, senhor, sol poder
Cantiga de Amor

Um escudeiro vi hoj'arrufado
Cantiga de Escárnio e maldizer

Vossa menag', amigo, nom é rem
Cantiga de Amigo